Meu Melhor Inimigo - Werner Herzog + Cinema Alemão

Meu Melhor Inimigo - Werner Herzog 


Postado em 19/7/2013 




Mein Liebster Feind - Klaus Kinski  -  Alemanha/EUA/Finlândia/Reino Unido  -  1999

Direção - Werner Herzog

Roteiro - Werner Herzog

Gênero - documentário

Sinopse - Documetário sobre a lendária e tempestuosa relação de trabalho entre dois mitos do cinema: Werner Herzog e Klaus Kinski. Dirigido por Werner Herzog, o filme mostra a relação de amor e ódio e, ao mesmo tempo, a profunda confiança entre o diretor e o ator. Eles se conheceram ainda adolescentes, e Herzog sabia dos acessos de fúria de Kinski quando, anos mais tarde, o chamou para trabalhar em "Aguirre, A Cólera dos Deuses". E precisou usar ameaça de morte para que o ator não abandonasse o projeto na metade. Apesar dos conflitos, a parceria marca trabalhos importantes na carreira de ambos e na história recente do cinema.


"As pessoas acham que nós mantínhamos uma relação de amor e ódio. Bem, eu não sentia amor por ele, nem o odiava. Nós nos respeitávamos mutuamente, mesmo que tivéssemos cada um planejado assassinar o outro".


Comentário - O cinema já teve grandes parcerias entre atores e diretores, e a formada por Werner Herzog e Klaus Kinski foi uma das mais marcantes, totalizando 5 filmes de grande qualidade. Mas a conturbada personalidade de Kinski sempre foi um obstáculo para aqueles que conviviam com o ator. E neste documentário, Herzog mostra todos os conflitos entre estes dois mestres do cinema, suas brigas e suas admirações mútuas. Enfim, um interessante documentário sobre uma inesquecível parceria da história do cinema.

Nota - 8


                              





Cinema Alemão



Um dos países mais prolíficos da história do cinema, sofreu uma grande lacuna na época do nazismo.
Até a II Guerra Mundial, havia em Berlim 2.000 cinemas e dois grandes estúdios, que produziam em geral farsas e adaptações literárias e teatrais. Mas alguns filmes anteciparam o estilo expressionista de "Dr. Caligari", como as primeiras versões de "O Estudante de Praga"(1913), desencadeando a paixão alemã pelo sobrenatural e levando aos clássicos do expressionismo.
Em "O Estudante de Praga", Paul Wegener vende seu reflexo para conseguir a moça que ama. Wegener também interpretou o monstro de "O Golem"(1914), que dirigiu com Henrik Galeen.
Durante a I Guerra Mundial, a produção cinematográfica cresceu muito devido à proibição de filmes dos inimigos EUA, França e Inglaterra. A renomada produtora Universum Film Aktien Gesellschaft (UFA), criada em 1917, foi a força dominante da industria alemã até o fim da II Guerra Mundial.
Surgiram nesse período diretores de obras-primas do expressionismo : F.W.Murnau com "Nosferatu, o Vampiro"(22); Paul Leni com "O Gabinete das Figuras de Cera"(24); Fritz Lang com "Dr. Mabuse, o Jogador"(22) e "Metrópolis"(27). Além de diretores de romances históricos irônicos e extravagantes como: Ernest Lubitsch com "Madame DuBarry"(19), "Ana Bolena"(20) e "Amores de Faraó"(22). Havia também filmes kammerspiel ("de câmara"), como "Destroços"(21) de Lupu Pick e "A Última Gargalhada"(24) de Murnau, e os gêneros populares: "filmes de rua", como "Rua das Lágrimas"(25) de G.W.Pabst, com Greta Garbo, aos 20 anos, em seu último desempenho europeu; e "filmes de montanha", sobre a luta do homem contra a natureza, como os de Arnold Fank, sobretudo "O Inferno Branco de Piz Palú"(29).


 Metrópolis (1927)  de Fritz Lang.


Leni Riefenstahl, que aparece em 4 filmes de Fanck, dirigiria seu primeiro longa em 1932, "A Luz Azul", também "de montanha".
Antes que Hitler encerrasse os Anos Dourados houve vários filmes falados importantes: "O Anjo Azul"(30) de Josef von Sternberg, "Flagelo de Deus"(30) e "A Ópera dos Três Vinténs"(31) ambos de Pabst, e "Mudchen in Uniform"(31) de Leontine Sagans sobre um relacionamento lésbico. "M, o Vampiro de Dusseldorf"(31), com Peter Lorre como um assassino de crianças, e "O Testamento do Dr. Mabuse"(33), ambos de Lang, também são desse período. Em "O Testamento do Dr. Mabuse", feito quando Hitler tomava o poder, o vilão louco expressa sentimentos que incomodaram os nazistas, e Joseph Goebbels, ministro de Propaganda, pediu ao diretor que mudasse o final. Lang declinou e deixou a Alemanha. Goebbels controlava a produção e expulsou os judeus da indústria.
Sob o domínio do nazismo surgiram mais de mil filmes, comédias e musicais frívolos, e propagandas anti-semitas: "O Judeu Suss" e "O Eterno Judeu"(40), "O Jovem Hitlerista Quex(33) divulgava o novo regime, bem como "O Triunfo da Vontade"(35) e "Olimpia"(38), ambos de Riefenstahl. Dos poucos sobreviventes, "As Aventuras do Barão de Munchausen"(43) é a bela fantasia que celebra os 25 anos da UFA.


 Olympia (1938) de Leni Riefenstahl.

Após a guerra, o tempo para reerguer a indústria cinematográfica foi igual ao da reconstrução do pais ocupado. Quase todas as instalações, incluindo os estúdios UFA e Tobis, ficaram na zona russa e foram tomados pela nova estatal Defa. A maioria dos títulos do pós-guerra ("filmes de destroços"), de forte conteúdo sociológico, procurava lidar com a triste realidade. Após a divisão do país em 1949, as industrias se diversificaram: os filmes da república oriental tinham forte viés politico, enquanto os da ocidental ofereciam entretenimento escapista.
Apesar de infertéis, os anos 50 levaram vários astros à fama internacional, como Romy Schneider e Maria Schell. O único filme de destaque é "A Ponte da Desilusão"(59), sobre sete estudantes que o exército de Hitler convoca para defender uma ponte dos tanques americanos, o que eles fazem até a morte.
No início dos anos 60 o cineasta Alexander Kluge, da Alemanha Ocidental, exigiu num manifesto subsídios para montar uma escola  de cinema, o que abriu caminho para a nova leva de diretores: Rainer Werner Herzog, Volker Schlondorff, Wim Wenders e Rainer Werner Fassbinder.


 Asas do Desejo (1987) de Wim Wenders.


Depois, Hans-Jurgen Syberberg tentou desmitificar o passado histórico e cultural do país; Edgar  Reitz, fez a série "Heimat"(1983-2005) que reflete sua história moderna; e surgiram as feministas Margarethe von Trotta e Helga Sanders Brahms.
"O Barco - Inferno no Mar"(81) de Wolfgang Peterson, "A Queda - As Últimas Horas de Hitler"(04) de Oliver Hirschbiegel e "Adeus Lênin!" (03) de Wolfgang Becker abordam com lucidez a recente história alemã.
Com o nazismo superado, surgiu um novo cinema alemão, tipificado pelo inteligente "Corra, Lola, Corra"(98) de Tom Tykwer, que observa um fato de três formas diferentes; "Edukators"(04) de Hans Weingartner, que focaliza um grupo de anarquistas; e "Contra a Parede"(04) de Fatih Akin, que retrata a realidade dos imigrantes turcos.



  Adeus Lenin! (2003) de Wolfgang Becker.




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