A Sereia do Mississipi - François Truffaut + Cinema Francês
A Sereia do Mississipi - François Truffaut
Postado em 27/8/2013
La Sirène du Mississipi - França/Itália - 1969
Direção - François Truffaut
Roteiro - François Truffaut
Gênero - policial - romance
Duração - 123 minutos
Elenco - Jean-Paul Belmondo, Catherine Deneuve, Michel Bouquet, Nelly Borgeaud.
Sinopse - Louis Mahe um empresário bem-sucedido, residente na Ilha de Reunião, próximo a Madagascar, África. Após um longo período trocando cartas com uma pretendente a esposa, ele está prestes a buscá-la nas docas, onde acaba de chegar em seu navio, o transatlântico Mississipi. Eles terminam se casando, mas somente depois Louis percebe o golpe o qual estava sendo vítima: a mulher com quem se casou não era a mesma com a qual trocava cartas, e estava em busca apenas de seu dinheiro.
Curiosidades - A história teve uma nova versão em 2001, "Pecado Original", com Antonio Banderas e Angelina Jolie
Comentário - Assim como em "A Noiva Estava de Preto", Truffaut quis homenagear Hitchcock e criou um suspense inspirado em seu mestre, com elementos hitchcockianos como a trilha-sonora inspirada em Bernard Hermann e a protagonista loira Catherine Deneuve que, assim como as sereias, é misteriosa e sedutora. Mas além da influência do mestre do suspense, Truffaut se inspirou em Jean Renoir e seu realismo poético. Esta mistura, fez de "A Sereia do Mississipi" menos um suspense e mais uma estória de amor que retrata uma paixão de entrega desmedida. A belíssima fotografia das locações da ilha e o carisma do casal central, dão ao filme um charme a mais.
Nota - 8
Cinema Francês
A partir daí, Leon Gaumont e Charles Pathé, começaram a construir impérios cinematográficos, e Alice Guy-Blaché foi a primeira mulher a dirigir um filme: "La Fêe Aux Chou"(1902). Georges Mèlies produziu os primeiros filmes de ficção e encantou platéias com "Viagem à Lua".
Viagem à Lua - 1902
Depois de Mèliés, o cinema francês começou a reproduzir peças clássicas, onde a primeira estrela foi a lendária Sarah Bernhardt, que protagonizou "Os Amores da Rainha Elisaberth"(1912). Porém, o nome francês mais famoso,era do elegante Max Linder, que influenciou Chaplin e outro cômicos do cinema mudo. Enquanto que Louis Feuillade fazia séries como "Fantômas"(1913-14), sobre um criminoso diabólico, e "Os Vampiros"(1915-16).
Ao fim da I Guerra, a França desenvolveu o cinema como arte, "a sétima arte", segundo o teórico Riccioto Canuda. Dos primeiros críticos e também importante diretor, Louis Delluc, que cunhou o termo "cinéast", teve o nome associado em 1937 ao prêmio anual concedido ao melhor filme francês, "Prix Louis Delluc".
Germaine Dulac inaugurou os filmes surrealistas "A Concha e o Clérigo"(28) e feministas "A Sorridente Madame Beudet"(22), assim como "A Queda da Casa de Usher"(28) de Jean Epstein inovou no uso de câmera lenta. e "Eldorado"(21) de Marcel L´Herbier na imagem borrada. Abel Gance, dividiu pioneiramente a tela em "J´Accuse"(19), antes da obra-prima "Napoleão"(27).
Napoleão - 1927
Com o advento do som, a partir dos anos 30, Jean Renoir, Marcel Pagnol e SachaGuitry exploraram diálogos, e René Clair fez musicais. Surgiu no período, o marcante "Realismo Poético" de Marcel Carné com "Trágico Amanhecer"(39), Jean Renoir com "A Besta Humana"(38) e Julien Duvivier com "O Demônio da Algéria"(36), os três com o carismático Jean Gabin. A ocupação alemã em 1940, fez Renoir, Clair, Duvivier e o alemão Max Ophuls se exilarem em Hollywood.
Trágico Amanhecer - 1939
Carné ficou na França com Jean Cocteau, Jacques Becker, Claude Autant-Lara, Henri-Goerges Clouzot e Robert Bresson, fazendo filmes que evitassem a censura. Com a Liberação, Cocteau, Clouzot, Becker e Bresson lançaram suas melhores obras, e Renoir, Clair e Ophuls retornaram.
Em 1946 foi fundado o Centre National du Cinéma Français (CNC) para proteger a indústria francesa da influência dos filmes estrangeiros, sobretudo americanos, limitando sua exibição. Também financiou produções independentes, muitas refletindo o clima social e político do pós-guerra e retomando o realismo e o noir, cujo mestre foi Jean-Pierre Melville.
Nos anos 50, embora os diretores veteranos ainda dominassem, alguns, como Marcel Carné, do aclamado "O Boulevard do Crime"(45), viram sua reputação declinar, e muitos sucumbiram ao cinema comercial, lançando filmes coloridos ostentosos e de pouca inspiração, as vezes em lucrativa co-produção italiana. Claude Autant-Lara seguia a tradição literária, adaptando Stendhal, Maupassant e Dostoiévski.
O Boulevard do Crime - 1945
Em geral, os astros da década ainda eram os dos anos 30 e 40: Jean Gabin, Fernandel, Edwige Feuillère, Gèrard Philipe, Danielle Darrieux e Pierre Freesnay. Rumores de descontentamento ganharam expressão em 1948, quando o influente artigo de Alexandre Astruc "O Nascimento de uma nova vanguarda: a câmera-caneta" massacrou a linha de produção herdada dos EUA e a interferência dos empresários. que obrigavam o encaixe de filmes em fórmulas comprovadas.
Em 1951, o crítico André Bazin fundou a "Cahiers du Cinéma", a mais influente revista de cinema, cujos jovens colaboradores, reagindo aos gêneros tradicionais e literários fizeram seus próprios filmes com subsídio do governo de Gaulle. Os principais expoentes desse movimento, conhecido como Nouvelle Vague, foram François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Eric Rohmer e Louis Malle. No início os diretores ajudavam e colaboravam entre si, o que proporcionou a criação de diferentes formas, estilos e narrativas comuns e próprios que os identificavam imediatamente. Sua influência ainda repercute no mundo do cinema.
Acossado - 1960
Nos anos 80, os jovens diretores Jean-Jacques Beineix, Luc Besson e Leos Carax deram traços mais pós-moderno ao cinema francês, emprestando aos seus trillers a estética de comerciais e videoclipes. Reconhecidas Agnés Vardá e Marguerite Duras, outras mulheres se destacaram: Yannick Bellon, Nelly Kaplin, Coline Serreau, Diane kurys e Claire Denis. A excelência de filmes e diretores franceses permaneceu em comédias sofisticadas como "O Gosto dos Outros"(2000) e "Uma Questão de Imagem"(04) de Agnés Jaoui, dramas pessoais "O Amor em 5 Tempos"(04) e "O Tempo Que Resta"(05) de françois Ozon, sátiras sociais "Recursos Humanos"(99) e "A Agenda"(01) de Laurent Cantet, sobre a decadência urbana "O Ódio"(95) de Mathieu Kassovitz, exploração sexual "Romance"(99) de Catherine Breillat, e "Irreversível"(02) de Gaspar Noé comédias românticas "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain"(01) de Jean-Pierre Jeunet. mais recentemente grandes filmes franceses foram premiados em todos os principais festivais mundiais como: "O Escafandro e a Borboleta"(07) de julian Schnabel, "O Profeta"(09) e "Ferrugem e Osso"(12) ambos de Jacques Audiard, "Intocáveis"(11) de Olivier Nakache, "Piaf- Um Hino ao Amor"(07) de Olivier Dahan e "Amor" (12) de Michael Haneke.
Além dos citados, o cinema francês nos brindou com diretores do quilate de Jacques Tati e seu inesquecível Sr, Hullot em filmes como "Meu Tio" e "As Férias do Sr, Hullot"; Jacques Demmy e seus maravilhosos musicais como "Os Guarda-Chuvas do Amor" e "Duas Garotas Românticas"; Claude Lelouch com "Um Homem, Uma Mulher" e "Viver Por Viver" etc.
As musas francesas sempre encataram o mundo desde Arletty, passando por Catherine Deneuve, Anna Karina, Brigitte Bardot, Jeanne Moreau, Anouk Aimée, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert, Emmanuelle Beàrt, Fanny Ardant, Marie-France Pisier, Isabelle Adjani, Juliette Binoche e chegando a Marion Cotillard. Grandes atores também conquistaram o mundo desde Michel Simon, passando Yves Montand, Alain Delon, Jean-Louis Trintganant, Jean-Pierre Leaud, Jean-Paul Belmondo, Michel Piccoli, Philippe Noiret, Gerard Depardieu, Daniel Auteuil, François Clouzot e Mathieu Amalric.
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