À Meia-Noite Levarei Sua Alma - José Mojica Marins + Biografia

À Meia-Noite Levarei Sua Alma - José Mojica Marins


Postado em 9/9/2012 

                             

À Meia-Noite Levarei Sua Alma  -  Brasil  -  1964

Direção - José Mojica Marins

Roteiro - José Mojica Marins, Waldomiro França e Magda Mei.

Gênero - terror

Duração - 84 minutos

Elenco - José Mojica Marins, Magda Mei, Nivaldo Lima, Valéria Vasquez.

Sinopse - Zé do Caixão, um cruel coveiro, quer gerar um filho para dar continuidade ao seu sangue. Mas sua mulher não consegue engravidar e ele acaba estuprando a mulher do seu melhor amigo, que agora deseja se suicidar para regressar do mundo dos mortos e levar a alma de Zé do Caixão.

Curiosidades  - Estréia do personagem Zé do Caixão no cinema.
                     - Seguido por "Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver"(67) e "A Encarnação do Demônio"(08).
                     - Zé do Caixão nasceu de um pesadelo de Mojica. No sonho, um homem de capa preta e cartola arrastava o cineasta para o túmulo onde figurava sua data de morte. Mojica acordou em pânico e perdeu o sono, mas anotou tudo.
                     - O lançamento do filme gerou problemas ao diretor, já que grupos católicos brasileiros não queriam que ele fosse lançado nos cinemas.

Comentário - Mais do que o pai do terror do cinema brasileiro, José Mojica Marins é um apaixonado pela sétima arte, e essa paixão está estampada em "À Meia-Noite Levarei Sua Alma". Sua ousadia e criatividade superam a falta de recursos técnicos, fazendo do filme, um clássico do terror trash. O mais marcante do filme é o surgimento do personagem Zé do Caixão, um dos personagens mais icônicos do nosso cinema.

Nota - 7



                                                                                         




José Mojica Marins



José Mojica Marins - São Paulo, 13 de março de 1936 - 19 de fevereiro de 2020.

Nascido em uma fazenda pertencente à fábrica de cigarros Caruso, na Vila Mariana, em São Paulo, filho de artistas circenses de origem espanhola, José Mojica Marins ainda criança, passava horas lendo gibis, assistindo a filmes na sala de projeção do Cinema em que seu pai trabalhava, brincava de teatro de bonecos e montava peças com fantasias feitas de papelão e tecido. Quando tinha 3 anos, a família de Mojica se mudou para os fundos de um cinema na Vila Anastácio.
Depois que ganhou uma Câmera V-8, aos 12 anos, não mais parou de fazer cinema. Muitos de seus filmes artesanais feitos nessa época eram exibidos em cidades pequenas, cobrindo assim os custos de produção. Autodidata, montou uma escola de interpretação para amigos e vizinhos e quando tinha 17 anos, depois de vários filmes amadores, fundou com ajuda de amigos, a Companhia Cinematográfica Atlas. Especializado em terror escatológico, criou uma escola de atores (1956), onde na década seguinte, montaria uma sinagoga (1964), no bairro de Brás, onde fazia experiências com atores amadores, usando insetos para medir sua coragem.
Em 1958,  concluiu "A Sina do Aventureiro", em lente 75 mm, um faroeste caboclo, vertente prolífica, mas desprezada pela historiografia clássica do cinema brasileiro. Depois de aceitar a proposta de Augusto de Cervantes, de fazer um filme que agradasse aos padres, Mojica Marins criou a história de "Meu Destino em Tuas Mãos" e procurou Ozualdo Candeias para fazer o roteiro - que não foi creditado. As tragédias familiares são apresentadas pelo cineasta com requintes de maldade, temperados por aquele neo-realismo involuntário das produções sem dinheiro. A direção de Mojica deixou o filme ainda mais cru e violento. O filme, apesar de ter agradado os padres, não teve repercussão nenhum e acabou esquecido.
"Zé do Caixão", seu personagem mais conhecido, foi criado por ele em 11 de outubro de 1963, após ser atormentado por um pesadelo no qual um vulto o arrastava até seu próprio túmulo. Segundo o próprio José Mojica Marins, o nome Zé do Caixão veio de uma lenda de um ser que viveu há milhões de anos no planeta terra que se transformou em luz e depois de anos esta luz voltou a terra. A primeira aparição do personagem foi no filme "À Meia-Noite Levarei Sua Alma" (1963). Desde então, ele apareceu em diversos filmes, ganhou popularidade e tem sido retratado em diversas outras mídias.
Mojica teve seus títulos lançados na Europa e nos EUA, onde participou de mostras, festivais e recebeu prêmios. No Brasil, Mojica não conseguiu o mesmo sucesso e reconhecimento.
Principais filmes: "À Meia-Noite Levarei Sua Alma"(63), "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver"(66), "O Estranho Mundo de Zé do Caixão"(67), "Trilogia do Terror"(68), "O Despertar da Besta"(69), "Finis Hominis"(71),  "A Virgem e o Machão"(74), "Como Consolar Viúvas"(76), "Delírios de um Anormal"(77), "Encarnação do Demônio"(08).

Mojica faleceu no dia 19 de fevereiro de 2020 vítima de broncopneumonia.






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