A Besta Humana - Jean Renoir + Realismo Poético
A Besta Humana - Jean Renoir
Postado em 30/4/2012
La Bête Humaine - França - 1938
Direção - Jean Renoir
Roteiro - Émile Zola (romance), Jean Renoir (adaptação e diálogos), Denise Leblond (diálogos).
Gênero - drama
Duração - 100 minutos
Elenco - Jean Gabin, Simone Simon, Fernand Ledoux, Blanchette Brunoy.
Sinopse - Séverine e seu marido Roubaud, chefe de uma estação ferroviária, matam um empregado em um trem. Eles foram vistos pelo maquinista, Jacques, que não conta à polícia, pois está apaixonado por Séverine
Curiosidades - Baseado no romance clássico de Émile Zola.
- Foi indicado a Melhor Filme no Festival de Veneza em 1939.
Comentário - Usando elementos do Realismo Poético, Renoir adaptou de maneira sublime a obra de Zola. Retratando detalhadamente os trabalhadores da ferrovia francesa e nos trazendo uma reflexão sobre as características psicológicas dos homicidas. Jean Gabin mostra porque foi um dos maiores atores da história do cinema.
Nota - 8,5
Realismo Poético
Com raízes na literatura realista do século XIX, o Realismo Poético refletiu a baixa moral francesa nos anos que precederam a II Guerra. Ambientados no contexto da classe trabalhadora, os filmes retratavam personagens marginalizados em busca do amor. Dois filmes seminais do estilo foram "La Nuit du Carrefour"(32) de Jean Renoir, baseado nas histórias do detetive Maigret, onde Renoir cria uma atmosfera escura, decadente e alucinatória e "A Última Cartada"(34) de Jacques Feyder, com cenários exóticos e ambientado no Marrocos, onde um legionário se apaixona por uma cantora de cabaré parecida com uma mulher que ele tenta esquecer. Embora muito diferentes, compartilham uma visão distorcida do mundo.
Assistente de direção desse filme, Marcel Carné criou em seguida dois filmes arquetípicos do Realismo Poético, "Cais das Sombras"(38) e "Foi Uma Mulher que o Perdeu"(39). Ambos são dominados pela presença poderosa do ator Jean Gabin, um solitário por excelência que combinou a virilidade do proletário francês com o destino do herói trágico. Em "Cais das Sombras", Gabin é um desertor do exército que tenta ser feliz num porto coberto pelo nevoeiro. No segundo filme, o ator encarna um trabalhador entrincheirado num pequeno e escuro cortiço, acusado de um crime passional, ele tem a polícia e uma multidão o esperando lá fora.
A personalidade de Gabin foi essencial em "O Demônio da Algéria"(36), de Julien Duvivier, em que vive um ladrão de jóias que se esconde na cidade argelina de Casbah, mas é capturado depois de sucumbir ao amor de uma bela parisiense. Gabin dá estatura trágica ao maquinista forçado a matar o marido da amante em "A Besta Humana"(38), de Renoir.
Com "Crime e Castigo"(35) e "Paixão Perigosa"(39), Pierre Chenal conseguiu expressar o espírito da época valendo-se respectivamente, do clássico de Dostoiévski e do romance policial "O Destino Bate à Sua Porta", de James M. Cain. O humor característico do desespero romântico infundiu-se em "Hotel do Norte"(38), de Marcel Carné, em que Arletty, na ponte sobre o canal Saint-Martin, dá seu famoso grito ao amante que, querendo deixá-la, dá a desculpa de precisar mudar de atmosfera. "Atmosfera, atmosfera ! Eu tenho cara de atmosfera?"
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