Os Incompreendidos - François Truffaut + Biografia
Os Incompreendidos - François Truffaut
Postado em 16/12/2011
Les Quatre Cents Coups - França - 1959
Direção - François Truffaut
Roteiro - Marcel Moussy, François Truffaut.
Gênero - drama
Duração - 94 minutos
Elenco - Jean-Pierre Léaud, Claire Maurier, Albert Rémy, Guy Decomble.
Sinopse - Antoine Doinel é o filho negligenciado de Gilberte Doinel, que parece ter tempo para tudo menos o bem-estar da criança. Julien Doinel não é o pai biológico, mas cria o menino como se fosse seu filho. Gilberte está tendo um caso e não se surpreende quando, por acaso, Julien fica sabendo que Antoine não está indo à aula, pois ela sabia que na hora do colégio o filho a tinha visto com seu amante. A situação se agrava quando Antoine, para justificar sua ausência no colégio, "mata" a mãe. Quando seus pais aparecem na escola, a verdade é descoberta e Julien o esbofeteia na frente de seus colegas. Após isto ele foge de casa e arruma um lugar para dormir. Paralelamente seus pais culpam um ao outro pelo comportamento dele, após lerem a carta na qual ele se despede. No outro dia Antoine vai à escola normalmente. Lá sua mãe o encontra e se mostra preocupada por ele ter passado a noite em uma gráfica. Ela alegremente o aceita de volta, mas os problemas não acabam. Antoine se desentende com um professor, que o acusa de plagiar Balzac. Como ele odeia a escola, sai de casa de novo e para viver é obrigado a fazer pequenos roubos.
Curiosidades - O título original é uma referência à expressão francesa "faire les quatre cents coups" (meter-se em confusão).
- Melhor diretor no Festival de Cannes.
- O personagem Antoine Doniel é considerado o alter-ego de Truffaut, e é protagonista dos filmes "Antoine e Colette"(62); "Beijos Proibidos"(68); "Domicilio Conjugal"(70) e " Amor em Fuga"(79).
- Truffaut aparece em uma pequena ponta, como um homem fumando um cigarro.
Comentário - Filme que deu início à Nouvelle Vague, com uma bela fotografia em locações da cidade de Paris, o filme mostra os conflitos do adolescente e a sua busca em se encontrar, praticamente uma auto-biografia do diretor, uma vez que Truffaut também foi internado num reformatório na adolescência. Léaud, na época com 15 anos, surpreende com sua grande atuação. A cena final onde Doniel corre esbaforido na praia e a câmera dá um close em seu rosto capturando toda sua angústia, é uma das mais belas de todos os tempos.
Nota - 10
François Truffaut
Sua infância foi marcada pelo abandono e na juventude foi afastado do exército de forma desonrosa por ter desertado. Mas era apaixonado por cinema e trabalhou como crítico de filmes para a Cahiers du Cinéma, conhecendo Godard, Chabrol, Rivette e Rohmer. Hitchcock era seu ídolo e publicou um livro de entrevistas com ele, mesmo estando indeciso entre casar-se com a filha de Hitchcock e a sobrinha de Renoir. Finalmente casou-se com uma herdeira, usando seu dote para financiar a maioria de suas produções. Forneceu a história para "Acossado"(60), de Godard, e passou a co-produzir trabalhos de amigos e colegas. Seu primeiro longa-metragem, "Os Incompreendidos"(59), falava de uma criança tão problemática e delinquente como ele havia sido, cuja paixão, comprometimento e espontaneidade transformaram-na num marco da Nouvelle Vague. Sua paixão pelo cinema transparece nos filmes repletos de alusões: "Atirem no Pianista"(60) ao noir americano, "Jules e Jim"(61) a Chaplin e Renoir, e "A Noiva Estava de Preto"(67) a Hitchcock. Seus estilos são vastos, do pesadelo futurista "Fahrenheit 451"(66) ao filme de época "A História de Adele H"(75) e à França ocupada em "O Último Metrô"(80).
Truffaut apoiou a eleição do socialista François Mitterrand para a presidência francesa. No poder, Mitterrand quis condecorá-lo com a "Legião de Honra". Em 1983, nasceu a terceira filha do cineasta, Joséphine Truffaut, com a companheira Fanny Ardant. Na época, Truffaut queixava-se de intensas dores de cabeça. Descobriu mais tarde que estava com câncer no cérebro. Pensava em fazer sua autobiografia, com o amigo Claude de Givray, mas os problemas de saúde o impediram de finalizá-la. Em 21 de outubro de 1984, François Truffaut faleceu, no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, vítima de um tumor cerebral.
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