O Samurai - Jean-Pierre Melville + Biografia + Filmes de Gângsters

O Samurai - Jean-Pierre Melville 


Postado em 8/2/2012 

                             


Le Samouraï  -  França/Itália  -  1967

Direção - Jean-Pierre Melville

Roteiro - Joan McLoad (romance), Jean-Pierre Melville e Georges Pellegrin (roteiro).

Gênero - policial - suspense

Duração - 105 minutos

Elenco - Alain Delon, François Périer, Nathalie Delon, Cathy Rosier.

Sinopse - O matador Jeff Costello é um perfeccionista: ele sempre planeja com extremo cuidado todos os seus assassinatos para nunca ser pego. Uma noite, porém, ele finalmente é surpreendido por uma testemunha, e aos poucos, a partir daí, ele vai sendo cada vez mais pressionado.

Curiosidades - O sucesso do filme inspirou a criação do perfume masculino "Samourai".

Comentário - Um filme francês com elementos do cinema noir americano e que serviu como inspiração para vários cineastas de gerações posteriores. O filme é uma reflexão sobre a solidão do ser humano mas isso fica em segundo plano diante do divertimento que o filme proporciona. Com excelente roteiro com poucos diálogos, uma trilha-sonora de jazz e fotografia soberba, o filme ainda conta com a grande e carismática atuação de Alain Delon que dá ao personagem todo o charme e realismo.

Nota - 9



                                                                                             





Jean-Pierre Melville



Jean-Pierre Grumbach  -  Paris, 20 de outubro de 1917 — Paris, 2 de agosto de 1973.

O entusiasmo pela obra de Herman Melville fez Jean-Pierre Grumbach mudar seu nome. Influenciado por romances e filmes de gângsteres americanos, oito de suas 13 produções tratavam de criminosos. A guerra retardou o início de sua carreira, mas em 1946 montou sua própria companhia e fez o impressionante "O Silêncio do Mar"(49), uma parábola da resistência francesa da qual fez parte. Firmou sua reputação com "Les Enfants Terribles"(50), em co-autoria com Cocteau, baseado no romance deste último, abordando de forma brilhante o mundo claustrofóbico de uma relação obsessiva entre irmãos adolescentes.
Embora não faça parte da Nouvelle Vague, usou suas técnicas antecipadamente com sua câmera livre e cortes abruptos em "Bob, o Jogador"(55). Jean-Paul Belmondo foi o compreensivo "Léon Morin, o Padre"(61), Alain Delon, o assassino de sangue frio em "O Samurai"(67), talvez o ponto alto dos filmes românticos de gângsteres de Melville. Lyon ocupada pela Gestapo foi o cenário de "O Exército das Sombras"(69), um retrato envolvente da resistência no tempo da guerra.
Outros filmes notáveis: "Dois Homens em Manhattan"(59), "Técnica de um Delator"(62), "Os Profissionais do Crime"(66), "O Círculo Vermelho"(70) e "Expresso para Bordeaux"(72). Melville faleceu aos 55 anos, vítima de um ataque cardíaco.







Filmes de Gângsters


Os filmes de gângster tiveram seu ápice na época da Lei Seca de 1920, quando o crime organizado emergiu nos EUA. O advento do som definiu as regras básicas do gênero, que evoluiu ao longo dos anos, permitindo aos cineastas utilizarem suas convenções para comentar questões sociais, políticas e etnográficas.
O gênero surgiu com o advento do som e de um ciclo da Warner Bros inciado com "Alma no Lodo"(30), de Mervyn LeRoy, "Inimigo Público"(31), de William Wellman, e "Scarface, a Vergonha de uma Nação"(32), de Howard Hawks. Embora a perspectiva moral tenha se alterado ao longo dos anos, os elementos iconográficos (o ambiente urbano, a violência, a prostituta, a ascensão e queda de uma matador ambicioso, o advogado inescrupuloso, o jornalista investigador, clubes noturnos e perseguições de carro.) permaneceram relativamente intactos.
No período da Depressão, astros como Humphrey Bogart, James Cagney e George Raft eram vistos como heróis populares, lutando contra a sociedade "respeitável". O crítico Robert Warshaw escreveu no ensaio "The Gangster as Tragic Hero", que "O gângster é o não para o grande sim americano, que é carimbado sobre a nossa cultura oficial". Isso provoca em alguns circulos influentes, que deploravam a abordagem condescendente e glamourosa à vida real de criminosos como Al Capone, John Dillinger e "Legs"Diamond. Em 1934, o recém criado Código Hays declarou: "Será mostrado que os crimes são errados e a vida criminal deve ser odiada, e que a lei prevalecerá em todos os momentos". A norma levou a uma onda de filmes que reforçavam a imagem policial, com retratos mais condenatórios dos gângsters.
Em "Anjos de Cara Suja"(38), de Michael Curtiz, o bandido vivido por James Cagney finga acovardar-se diante de uma cadeira elétrica a fim de decepcionar um bando de garotos, que o idolatravam e queriam seguir-lhe os passos.
Durante a II Guerra Mundial, Hitler era uma ameaça bem pior que qualque gângster, e o gênero quase sumiu. Quando reapareceu, houve maior ênfase no aspecto psicológico dos personagens, como em "Fúria Sanguinária"(49), de Raoul Walsh, estrelado por Cagney como um assassino obcecado pela mãe. O filme de gângster foi adotado por Roger Corman e em países como o Japão e a França, na década de 60, Jean-Luc Godard e François Truffaut criaram filmes-homenagem ao gênero, enquanto Jean-Pierre Melville fez seus personagens matarem uns aos outros em sórdidos bares, hotéis e clubes parisienses.
O movimento ressoou ainda em filmes de Akira Kurosawa, como "Homem Mau Dorme Bem"(60) e "Céu e Inferno"(63), e em diversos filmes acerca da Yakuza, realizados por cineastas como Seijun Suzuki, Fukasaku Kinji, Takashi Miike e Takeshi Kitano, além de Johnnie To e John Woo de Hong Kong.
Em Hollywood, o gangsterismo ficou mais ambíguo depois de "Bonnie & Clyde"(67), de Arthur Penn, com sua visão amoral sobre o gângster, interpretado sob a ótica da psicologia social moderna. Abriu caminho para a trilogia "O Poderoso Chefão"(72), de Francis Ford Coppola, e vários títulos de Martin Scorsese. O toque de pós-modernidade foi dado por Quentin Tarantino que, em "Cães de Aluguel"(92) e "Pulp Fiction"(94), divorciou o banditismo do mundo exterior ao cinema.




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