O Nascimento de Uma Nação - D.W.Griffith + Racismo no Cinema

O Nascimento de Uma Nação - D.W.Griffith 


Postado em 28/3/2012 

                             


The Birth of a Nation  -  EUA  -  1915

Direção - D.W. Griffith

Roteiro - Thomas F. Dixon Jr. (romance e peça), Frank E. Woods e D.W. Griffith (roteiro).

Gênero - drama - guerra

Duração - 190 minutos

Elenco - Lillian Gish, Mae Marsh, Donald Crisp, Henry B. Walthall.

Sinopse - Dois irmãos da família Stoneman visitam os Cameron em Piedmont, Carolina do Sul. Esta amizade é afetada com a Guerra Civil, pois os Cameron se alistam no exército Confederado enquanto os Stoneman se unem às forças da União. São retratadas as conseqüências da guerra na vida destas duas famílias e as conexões com os principiais acontecimentos históricos, como o crescimento da Guerra da Secessão, o assassinato de Lincoln e o nascimento da Ku Klux Klan.

Curiosidades  - O diretor D.W. Griffith visualizou todo o filme em sua mente, não tendo escrito um roteiro ou feito anotações sobre as cenas.
                      - Foi o 1º filme na história a ultrapassar os 100 minutos de duração. 
                      -  Os personagens negros de "O Nascimento de uma Nação" foram interpretados por atores brancos, que usaram maquiagem.
                      - O uso excessivo de bombas de fumaça teve o objetivo de tornar obscura a maior parte do campo de batalha.
                      - Os diretores John Ford e Raoul Walsh possuem pequenos papéis em "O Nascimento de uma Nação".
                      - Estreou em Nova York com os ingressos custando US$ 2 cada, um valor astronômico para a época. Apesar disto, o filme permaneceu um ano em cartaz e levou mais de um milhão de pessoas aos cinemas.
                       - Devido ao seu conteúdo racista, "O Nascimento de uma Nação" foi banido em várias cidades importantes dos Estados Unidos, como Los Angeles. 
                       - Foi o 1º filme a ser exibido na Casa Branca, para o na época Presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson.
                       - Em 1921 e 1927 foram lançadas nos cinemas novas versões do filme, refletindo mais as questões políticas da trama.
                       - Em 1931 foi lançada uma versão menor, com 169 minutos, que possuía também uma trilha sonora tocada por uma orquestra. 

Comentário - Apesar de seu tema polêmico, o filme é um dos mais importantes e influentes da história do cinema, devido suas inovações técnicas. Nele aparecem pela primeira vez artificios indispensáveis ao cinema como os close-ups faciais, cortes rápidos e câmeras em movimentos. Dificilmente estará presente na lista de filmes favoritos mas, não se pode ignorar seu valor histórico.

Nota - 9



                                                                                                  





O Racismo no Cinema



Há duas vertentes de racismo no cinema: uma promove a diversidade racial; outra tem cunho racista, ainda que inconsciente. Como ao longo da história, Hollywood sempre esteve atrasada diante dos avanços da sociedade, os filmes do último tipo são mais numerosos.
Os estúdios de Hollywood sempre foram parte da superestrutura ideológica determinada pelo sistema capitalista. Desde o início, eles projetaram a visão de um mundo dominado pela classe média branca e em grande parte conservadora, criando assim um racismo consciente ou não em seus filmes, onde negros e índios nativos foram os mais estereotipados.
Nos primeiros anos, os estúdios escalavam atores negros para atuar apenas em papéis de covardes, oportunistas, criados ou amas ou, em papéis de selvagens nos filmes de Tarzan nas décadas de 30 e 40. Havia também o costume do branco fazendo caricatura do negro, como em "O Cantor de Jazz"(27), primeiro filme sonoro.

  All Jolson em "O Cantor de Jazz".

Os "peles-vermelhas" dos faroestes, como "Ao Rufar dos Tambores"(39), de John Ford, e "Inconquistáveis"(47), de Cecil B. DeMille, foram mostrados como assassinos sanguinários e estupradores. Além dos "selvagens nativos", em "No Tempo das Diligências"(39), também de Ford, há ainda o arquétipico mexicano simplório que quando não interpretavam idiotas de sombreiros, os mexicanos encarnavam bandidos de longos bigodes. Havia também os árabes "descartáveis" das aventuras coloniais como "Beau Geste"(39) e a multidão de asiáticos subservientes nos filmes de Fu Manchu, vividos por atores brancos com maquiagem amarela. Mesmo os retratos mais condescendentes dos asiáticos, como o de Richard Barthelmess em "Lirio Partido"(19) e o de Katherine Hepburn em "A Estirpe do Dragão"(44), parecem hoje degradantes.
Os judeus ficaram à parte dessas indignidades, até porque ocupavam altos cargos na indústria do cinema, mas sua visibilidade era limitada. Judeus praticamente não existiam nos filmes de Hollywood, e astros como Tony Curtis, Kirk Douglas e Jerry Lewis escondiam suas origens sob nomes artísticos anglo-saxões.
Embora inovador na linguagem, "O Nascimento de Uma Nação"(15), que tem como herói o fundador da Ku Klux Klan e, como heroína, uma virgem branca que prefere a morte a ter que se sujeitar a um negro, foi considerado ofensivo demais até para a época.
Durante as guerras mundiais, porém, a grosseira caricatura de alemães e japoneses soou justificável, até porque estes faziam o mesmo em relação a americanos e britânicos. A Alemanha nazista, claro, fez filmes antissemitas: o mais célebre foi "Jud Süss"(40), de Veit Harlan.
Gradualmente, ao longo dos anos 50, Hollywood começou a ter uma atitude menos passiva diante da cultura branca dominante. Os estúdios passaram a assumir uma postura crítica mais ampla em relação à deturpação das raças no cinema. No entanto, os árabes seguem como a mais caluniada das raças, como acontece em filmes onde são vistos como comerciantes vilanescos ou personagens cômicos, algo que apenas em poucos filmes, como "Lawrence da Arábia"(62), tentaram mudar. Depois dos ataques de 11 de setembro, árabes e terrorismo têm sido associados como nunca nos filmes americanos.




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