O Invencível - Satyajit Ray + Cinema Indiano
O Invencível - Satyajit Ray
Postado em 13/12/2011
Aparajito - India - 1956
Direção - Satyajit Ray
Roteiro - Satyajit Ray (roteiro), Bibhutibhushan Bandyopadhyay (romance).
Gênero - drama
Duração - 110 minutos
Elenco - Kanu Bannerjee, Karuna Bannerjee, Pinaki Sengupta, Smaran Ghosal.
Sinopse - Após a morte de sua irmã e de viver algum tempo em Benares, o jovem Apu, de dez anos, muda-se com a mãe para casa de um tio. Apu frequenta a escola local e recebe uma bolsa de estudo para ir estudar em Calcutá, e decide partir. A mãe fica angustiada com a sua partida e com a sua crescente independência. Ela ama muito o filho e pretende o seu sucesso, mas não quer ficar sozinha.
Curiosidades - Segunda parte da Trilogia de Apu.
Comentário - Nessa continuação de "A Canção da Estrada", Apu vive os conflitos da adolescência e o dilema de abandonar a mãe e as tradições de familia para se dedicar aos estudos e ampliar seus horizontes. Assim como toda a trilogia, "O Invencível" é um sensivel drama que nos revela o talento e sensibilidade de Satyajit Ray.
Nota - 9
Cinema Indiano
O mais proeminente diretor da era muda, Dadasaheb Phalke, introduziu o gênero mitológico, repleto de deuses locais e só com atores, pois na época as mulheres não podiam atuar. Sua ruína foi o som, que fragmentou a indústria em vários nichos linguisticos num país com 18 idiomas diferentes e 800 dialetos.
Centro original da indústria, Bombaim manteve a produção em hindi, lingua mais falada no país. No Sul, Madras criou um pólo industrial de filmes em tamil. Em híndi e tamil são os mais comerciais, dominados por um sistema de astros ao estilo de Hollywood. Das línguas minoritárias, a única importante é bengali, graças à influência de Satyajit Ray nos anos 50. O primeiro filme falado foi "Alam Ara"(31) de Ardeshir Irani, com diálogos em urdu e híndi, dança e canto. Seu enorme sucesso levou à fórmula de tramas com música.
Só nos anos 50 o exterior passou a ver títulos indianos: entre os primeiros, "Aan"(52), pioneiro em Technicolor, e "Mãe Índia"(57), ambos de Mehbood khan, o último com Nargis, astro supremo de Bollywood, indicado ao Oscar. "Dois Acres de Terra"(53), sobre castas, ganhou o Prix Internacional no Festival de Cannes.
Em 1950, quando filmou em Calcutá "O Rio Sagrado", Jean Renoir foi auxiliado por Satyajit Ray, de 29 anos, que sonhava filmar o romance autobiográfico de Bhibuti Bashan Bannerjee sobre a vida em Bengala. Com estímulo de Renoir e financiamento do governo de Bengala Ocidental, Ray lançou "A Canção da Estrada"(55), o primeiro de sua "Trilogia de Apu". Depoius de Renoir, Fritz lang visitou o país em 1956 para fazer "Taj Mahal", projeto abandonado, e Roberto Rossellini dirigiu "Índia"(59).
O sucesso dos filmes de Ray provou ser possível escapar ao circuito comercial. Desse novo cinema independente, situado em Calcutá, se beneficiaram Mrinal Sen e Ritwik Ghatak, ambos marxistas, que desenvolveram um cinema social, em oposição ao humanismo europeu de Ray.
Sen, apelidado de "o Godard bengalês", ataca a pobreza e a exploração na sociedade indiana. "Mrigayaa"(76) e "Ek Din Pratidin"(79) são parabolas políticas fortes e cruas que tentam compreender as complexidades do país. "Meghe Dhaka Tara"(60), "Komal Ghandhar"(61) e "Subarnarekha"(62), títulos mais conhecidos de Ghatak, formam uma trilogia baseada nos refugiados em Calcutá.
Em Bombaim, "Anand"(70) de Hrishikesh Mukherjee, funda o genuíno cinema de classe média, focalizando as relações de um homem em estado terminal que muda positivamente a vida daqueles à sua volta. A qualidade dos filmes de Bollywood melhora em termos técnicos e artísticos. "Sholay"(75) de Ramesh Sippy, com o astro Amitabh Bachchan, é um dos mais bem-sucedidos da década.
Nos anos 80 os filmes de Satyajit Ray caíram em frequência e qualidade, e o cinema-arte indiano perdeu visibilidade. Em 1988, porém, "Salaam Bombay", de Mira Nair, obteve enorme sucesso internacional. Feito em tempo recorde e com baixo orçamento, é um impressionante mosaico da vida nas ruas de Bombaim. Também aclamados são "Rainha Bandida"(94) de Shekhar Kapur, sobre o papel da mulher no país e sofrimento humano; "Fire"(96) de Deepa Mehta, com referência aos misticismo indiano, à poesia épica de Ramayana e ao feminismo do século XX; e "O Pássaro de Argila"(02) de Tareque Masud, retrato tocante da infância nos anos 50 e primeiro filme de Bangladesh a ganhar prêmio em Cannes.
A Índia é o país que mais produz filmes no mundo, mais de 800 ao ano na década de 90, é o único cujos títulos nacionais superam a bilheteria dos importados.
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