Dogville - Lars von Trier + Dogma 95

Dogville - Lars von Trier 


Postado em 6/2/2012 

                             


Dogville  -   Alemanha/Dinamarca/Estados Unidos/França/Holanda  -  2003

Direção - Lars von Trier

Roteiro - Lars von Trier

Gênero - drama

Duração - 178 minutos

Elenco - Nicole Kidman, Harriet Andersson, Lauren Bacall, Jean-Marc Barr, Bem Gazarra, Paul Bettany, James Caan,John Hurt.
Sinopse - Anos 30, Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas. Grace, uma bela desconhecida, aparece no lugar ao tentar fugir de gângsters. Com o apoio de Tom Edison, o auto-designado porta-voz da pequena comunidade, Grace é escondida pela pequena cidade e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que após duas semanas ocorrerá uma votação para decidir se ela fica. Após este "período de testes" Grace é aprovada por unanimidade, mas quando a procura por ela se intensifica os moradores exigem algo mais em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre de modo duro que nesta cidade a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade.

Curiosidades - Apesar de "Dogville" ser situado nos Estados Unidos, todas as filmagens ocorreram em estúdio na Suécia.
                    - Trata-se do 1º filme de uma trilogia do diretor Lars Von Trier sobre os Estados Unidos. Os demais filmes são "Manderlay" (2005) e "Washington", que ainda não tem previsão de quando será realizado.

Comentário - Filmado em um grande galpão onde apenas riscos de giz determinam o cenário, elementos do manifesto Dogma 95, é um filme de enorme teor reflexivo. O cruel e real retrato da humanidade e sua capacidade de tirar proveito do próximo é uma crítica explícita à sociedade. O elenco de primeira grandeza e com atuações condizentes é um espetáculo à parte. O diálogo final entre pai e filha é inesquecìvel e as cenas chocantes de pobreza nos créditos finais ao som de "Young Americans", é uma crítica direta à sociedade dos EUA.

Nota - 9



                                                                                         





Dogma 95



Lars Von Trier e Thomas Vinterberg são os autores do Manifesto Dogma 95, uma espécie de "voto de castidade" para o cinema retomar a simplicidade, repudiando efeitos especiais, cenários artificiais, câmera lenta, flashbacks, recursos luxuosos de edição e modificações pós-produção.

Seus mandamentos eram os seguintes:
1- As filmagens dever ser feitas em locação sem a adição de objetos ou cenários.
2- Deve ser usado somente som direto e a música só pode ser usada diegeticamente.
3- A filmagem deve ser feita com câmera de mão.
4- O filme deve ser em cores.
5- Apenas a luz direta deve ser utilizada; iluminação especial não é aceitável.
6- Truques de ótica e filtro são proibidos.
7- Filmes de gênero não são aceitáveis.
8- A ação deve se desenvolver em tempo real.
9- O filme completo deve ser transferido para cópia em 35mm padrão, com formato de tela 4:3 (não pode ser widescreen).
10- O diretor não deve ser creditado: "Juro, como diretor, que me abstenho do gosto pessoal! Já não sou um artista. Juro que me abstenho de criar uma 'obra', já que considero o instante mais importante do que o todo. Meu objetivo supremo é arrancar a verdade dos meus personagens e cenários. Juro fazê-lo por todos os meios disponíveis e à custa de qualquer bom gosto e quaisquer considerações estéticas".

A maioria dessas regras foram cumpridas no início, embora o anonimato do diretor nunca tenha sido mantido. Os dois primeiros filmes do Dogma, exibidos no Festival de Cannes de 1998, foram "Festa de Família", de Vinterberg, e "Os Idiotas", de Von Trier. Na sequência vieram "Mifune"(99), de Soren Kragh Jacobsen, "O Rei Está Vivo"(00) de Kristian Levring, "Italiano Para Principiantes"(00) de Lone Scherfig, e "Corações Livres"(02), de Susanne Bier.
Alguns poucos diretores não dinamarqueses assinaram o manifesto, como a americana Harmony Korine de "Julien Donkey-Boy"(99); o franco-americano Jean-Marc Barr de "Amantes"(99); o coreano Hyuk Byun de "interview"(00) e o argentino José Luis Marques de "Fuckland"(00). Em sua maioria os filmes dogmáticos, com seu frescor e jovialidade, foram bem sucedidos. Aos poucos, no entanto, o Manifesto Dogma 95, (originalmente uma homenagem ao ensaio publicado por François Truffaut na revista "Cahiers du Cinéma" em 1954, que originou a Nouvelle Vague), tornou-se mais  uma referência do que um manual de regras. Cenários, iluminação artificial, som não-diegético e outros recursos passaram a ser cada vez mais utilizados, inclusive por Von Trier em "Dogville"(03) e Vinterberg em "Querida Wendy"(05).




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